A história de Manoel ganhou destaque após conseguir na Justiça, no dia 16 de agosto, que a certidão de óbito emitida de forma irregular em Augustinópolis, no Bico do Papagaio, seja cancelada. Nesta semana, ele conseguiu a nova certidão de nascimento, atestando o que estava na cara, que ele está vivo.
Como o nome da mulher com quem foi casado por cerca de 20 anos estava no documento, o idoso e a advogada Ana Cristina Magalhães, que o representou no caso, concluíram que ela poderia ser a responsável por informar a Justiça e o cartório que Manoel estava morto, mesmo ele ainda vivo.
O documento também é assinado por duas testemunhas, que afirmavam que a causa da morte ocorrida em 1995 era desconhecida.
Apesar e toda confusão, que incluiu perda de dinheiro e problemas para conseguir assistência médica nos últimos anos, Manoel afirma que não guarda nenhuma mágoa da ex-companheira.
"Desejo para ela muitos anos de vida, com certeza, não vou desejar nada mal para ela", afirmou.
Ele também disse como enfrentou os anos em que para as autoridades, estava morto. "Tem coisas que a gente tolera porque tem Deus do céu para dar o conforto a gente. Ai eu ficava numa boa assim mesmo. Só Deus que abranda mesmo o coração da gente”, explicou.
No tempo que está sem receber aposentadoria, quem ajuda o idoso é a família. "Tenho meu pessoal. Um me dá um pouquinho, outro me dá outro. Eu sou sozinho lá em casa".
A advogada informou que o cliente chegou a ir atrás da ex-esposa para saber o motivo dela ter feito o registro falso. Mas a mulher não teria dado maiores esclarecimentos.
"Ele também não foi atrás criando confusão. Ele só queria entender o caso. Então depois que ele descobriu que foi ela, só queria resolver, não foi atrás de muita justificativa”, disse.
Vivinho, vivinho
Mesmo com o atestado de óbito desde 1992, o aposentado só descobriu que estava legalmente morto nas eleições de 2012, numa escola na cidade de Itaguatins, onde mora atualmente, e os mesários o alertaram.
Como não teve problemas nos anos seguintes Manoel seguiu a rotina. Em 2021, as complicações começaram a atrapalhara vida do idoso, já que teve a aposentadoria cortada. Além disso, ele perdeu acesso a consultas pelo SUS. Por isso entrou na Justiça.
Seu Manoel visitou o cemitério onde 'estaria enterrado', em Augustinópolis — Foto: TV Anhanguera/Reprodução
O tramite da ação durou quase dois anos. Um laudo papiloscópico com as digitais dele ajudaram a comprovar que ele estava vivo à Justiça. Além disso, ele se apresentou ao juiz, Jefferson Asevedo Ramos com testemunhas, que também confirmaram que ele não morreu de fato.
No dia 16 de agosto, o magistrado determinou a anulação da certidão de óbito e que a Polícia Civil do Tocantins investigue a ex-mulher as testemunhas por falso testemunho e fraude em documentos. O g1 não conseguiu contato com os envolvidos.