Com base em interceptações telefônicas aprovadas pela Justiça durante a “Operação Perfídia”, de 2019, que investigou Executivo e Legislativo, e oitivas de vereadores e testemunhas a polícia civil conclui que o ex-vereador ofereceu e prometeu propina a vereadores, entre novembro e dezembro de 2018, para se eleger presidente da Casa.
Um dos interrogados pelos investigadores afirmou que o plano do ex-presidente era se reeleger na presidência da Mesa Diretora para que a Câmara de Vereadores organizasse a cassação do então prefeito Júlio Oliveira. “Na sequência, após o vice-prefeito renunciar ao mandato, ele pudesse virar o Chefe do Poder Executivo Municipal, em atenção à linha sucessória da administração pública municipal”.
De acordo com as investigações da 12ª Delegacia de Polícia Civil, o ex-vereador ofereceu R$ 30 mil para Ângela Maria Silva Araújo de Oliveira, a Ângela do Rapadura (PTB), mais R$ 15 mil para Antônio Barbosa Sousa (SD), outros R$ 30 mil para Marcos Pereira de Alencar, o Marco da Igreja (PTB) e R$ 36 mil para Ozeas Gomes Teixeira (PSL).
Em janeiro de 2019, a Operação Perfídia chegou a prender 10 dos 11 vereadores da cidade. O único preso foi Cícero Moutinho. Eleito pelo PR em 2016, o vereador conseguiu se tornar presidente com voto dos suplentes, conduziu uma comissão para cassar o ex-prefeito Julio Oliveira mas, em 2020, com 153 votos obtidos nas urnas, não se reelegeu. Ele é empresário na cidade.
Ao JTO, Moutinho refutou as conclusões da PC. “O que tenho a dizer e que nunca ofereci e nem dei dinheiro a ninguém e vamos aguardar o desenrolar do processo para que possa ser comprovado minha inocência”. Ele também ressaltou não ter sido eleito presidente pelos vereadores investigados pela operação Perfídia. “Foi pelos suplentes”, disse.
No relatório de 21 páginas, o delegado indicia o ex-vereador por corrupção ativa consumada por quatro vezes, uma para cada beneficiado.
Segundo a PC, para Ângela teriam sido pagos R$ 30 mil, dos quais R$ 20 mil em dinheiro mais 2 cheques no valor de R$ 5 mil cada, além de um cargo comissionado na Câmara de Vereadores e um “mensalinho” de R$ 2 mil. A vereadora foi reeleita em 2020.
Para Antônio Barbosa, segundo a Polícia Civil, o valor era de R$ 15 mil divididos em R$ 5 mil em dinheiro vivo e mais dois cheques no valor de R$ 5 mil cada.
Mais R$ 30 mil teria sido oferecido ao vereador Marcos da Igreja, dos quais R$ 15 mil em espécie de forma antecipada e mais R$ 15 mil, também em dinheiro vivo, após a eleição.
Para Ozeas, a vantagem oferecida era de R$ 36 mil, com mensalinho de R$ 1.5 mil por 24 meses.
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